Sobre frágeis roseiras (Deborah Brennand)
Sobre frágeis roseiras
(Deborah Brennand)
Malefício — o anel roxo espatifado.
E a mão do tempo, estendida nos capins.
Deixa os pássaros embaraçarem vôos
e a brisa contar enredos do verão.
Contar o mistério de um fruto mordido,
de visões mouriscas nos desertos,
de gritos proféticos nas altas pedras,
ecos assombrados nas furnas do tigre.
Maleficio — estilhaços de ametista.
E a mão do tempo, estremecida,
tange pássaros, esmaga a brisa e se abate
até sobre os frágeis roseirais do amanhã.
Que malvadeza sem fim!
Da obra original O cadeado Negro.
Extraído de Poesia reunida/ Deborah Brennand,
Companhia Editora de Pernambuco, Recife (PE), Brasil,
2007, pág. 367.