Basta de sonhos
(José Eduardo Mendes Camargo)
Basta de sonhos,
desejos
e loucuras imaginadas.
Não mais a quero como musa
infinitamente bela e etérea,
a inspirar mil poemas e devaneios.
Desejo-a fêmea e próxima,
qual animal na plenitude dos desejos.
Quero-a nua e inteira,
em suas loucuras e fantasias,
dançando o nosso ritual do amor.
Quero beijar todo o universo de seu corpo,
dele beber o néctar de seus fluidos
para juntos vivermos o frenesi
de corpos abandonados.
Quero possuí-la selvagemente,
para juntos resgatarmos
todos os orgasmos cósmicos que tivemos.
Em Sonhos/ José Eduardo Mendes Camargo,
Massao Ohno Editor, São Paulo (SP), 1991, pág. 69.