Saudade
I
(J. G. de Araújo Jorge)
Um segundo — não foi mais que um segundo
esse amor que vivemos — um lampejo
que iluminou, por um momento, o mundo
que foi nosso afinal naquele beijo…
Tão breve… E entretanto tão profundo!
Vertigem de uma posse, de um desejo,
lembrança — vivo ardor em que me inundo —
e em torno dela ainda palpito e adejo…
Foi amor, esse amor? Foi um minuto
cheio de eternidade e dela oriundo,
fruto sem flor, flor que morreu sem fruto.
E ao final, a ironia dolorida:
desse efêmero amor — fugaz segundo —
uma saudade para toda a vida!
Em Os mais belos poemas que o amor inspirou IV/ J. G. de Araújo Jorge,
4ª edição, Editora Rideel Ltda., São Paulo (SP), pág. 159.